“RECEBESTE DE GRAÇA, DAI DE GRAÇA”
[Mateus 9,36 – 10,8]
Dar o que se recebeu…
Aqui está um desafio para
concretizar na vida do ser discípulo… seguindo o caminho de Jesus… “lavou os
pés”… saiu para o jardim das oliveiras… e mandou que também nós o fizéssemos… É
assim que nos colocamos “em saída” para a encarnação do evangelho concretizando
a evangelização segundo o exemplo de Jesus, isto é, ser discípulos… como o
Mestre
Nesta semana iremos retomar pouco a
pouco a visita às pequenas comunidades com a celebração da missa
15 jun - Vale da Mua 17h00
16 jun – Cardigos 10h00 (Promessa
Roda / Casalinho)
17 jun - Cardigos 09h00 Adoração
09h30 (Missa)
18 jun - Envendos 17h00 Adoração
18h00 (Missa)
20 jun – QUEBRADA 19h00
21 jun - Domingo - SJMatas 09h15
- Vales 09h00 e Cardigos 10h30
(Diácono)
- Envendos 12h30
- Carvoeiro 15h00
Um domingo e uma semana a dar
gratuitamente e sem fingimento, sem astúcia… mas deixando-nos transformar por
Deus, como se pode ler na Catequese do Papa Francisco
AUDIÊNCIA
GERAL
Biblioteca do Palácio
Apostólico
Quarta-feira, 10 de junho de 2020
Quarta-feira, 10 de junho de 2020
Catequese: 6. A oração de Jacob
Amados
irmãos e irmãs, bom dia!
Continuemos
a nossa catequese sobre o tema da oração. O livro do Génesis, através das
vicissitudes de homens e mulheres de tempos distantes, conta-nos histórias nas
quais podemos refletir as nossas vidas. No ciclo dos patriarcas, encontramos
também o de um homem que tinha feito da astúcia o seu melhor talento: Jacob. A
narração bíblica conta-nos a difícil relação que Jacob teve com o seu irmão
Esaú. Desde crianças, houve rivalidades entre eles, que nunca foram resolvidas.
Jacob é o segundo filho, mas, com o engano, consegue obter de seu pai Isaac a
bênção e o dom da primogenitura (cf. Gn 25, 19-34). É apenas a primeira
de uma longa série de astúcias das quais este homem sem escrúpulos é
capaz. Até o nome “Jacob” significa alguém que se move com astúcia.
Forçado
a fugir para longe do seu irmão, ele parece ter sucesso em todos os
empreendimentos da sua vida. É hábil nos negócios: enriquece muito, tornando-se
o dono de um enorme rebanho. Com tenacidade e paciência consegue casar com a
mais bela das filhas de Labão, pela qual estava verdadeiramente apaixonado.
Jacob - diríamos com linguagem moderna - é um homem que “se fez sozinho”, com a
sua perspicácia, com a astúcia, conseguiu conquistar tudo o que quis. Mas
faltava-lhe alguma coisa. Faltava-lhe a relação viva com as próprias raízes.
E
um dia sente saudades de casa, da sua antiga pátria, onde ainda vivia Esaú, o
irmão com o qual sempre tivera péssimas relações. Jacob partiu e fez uma longa
viagem com uma numerosa caravana de pessoas e animais, até chegar à última
etapa, o rio Jaboq. Aqui o Livro do Génesis oferece-nos uma página
memorável (cf. 32, 23-33). Diz-nos que o patriarca, depois de ter feito todo o
seu povo e gado - que era tanto - atravessar o baixio, permanece sozinho na
margem estrangeira. E pensa: o que o espera no dia seguinte? Qual será a
atitude do seu irmão Esaú, ao qual roubara a primogenitura? A mente de Jacob é
um turbilhão de pensamentos... E quando anoitece, de repente um
desconhecido apodera-se dele e começa a lutar contra ele. O Catecismo
da Igreja Católica explica: «A tradição espiritual da Igreja divisou
nesta narrativa o símbolo da oração como combate da fé e vitória da
perseverança» (CIC nº 2573).
Jacob
lutou até ao romper da aurora, sem nunca se libertar das garras do seu
adversário. No final, foi derrotado, atingido pelo seu rival no nervo ciático,
ficando aleijado para o resto da vida. Esse misterioso lutador pergunta ao
patriarca o seu nome, dizendo-lhe: «O teu nome não será mais Jacob, mas Israel;
porque combateste contra Deus e contra os homens e conseguiste resistir!» (v.
29). Como se quisesse dizer: nunca serás o homem que caminha assim, mas direito.
Muda-lhe o nome, muda-lhe a vida, muda-lhe a atitude: chamar-te-ás Israel.
Então também Jacob pergunta: «Peço-te que me digas o teu nome». Ele não lho
revela, mas em troca abençoa-o. E Jacob percebe que encontrou Deus “face a
face” (cf. vv. 30-31).
Lutar
com Deus: uma metáfora da oração. Outras vezes, Jacob tinha-se mostrado capaz
de dialogar com Deus, de O sentir como uma presença amiga e próxima. Mas dessa
noite, através de uma luta que durou muito tempo e que o viu quase sucumbir, o
patriarca saiu transformado. Mudança do nome, mudança do modo de viver e
mudança da personalidade: ele saiu transformado. Desta vez já não é dono da
situação – a sua astúcia não serve - já não é o estratega nem o homem
calculista; Deus o reconduz à sua verdade de mortal que treme e tem medo,
porque na luta Jacob sentiu medo. Pela primeira vez Jacob nada mais tem para
apresentar a Deus a não ser a sua fragilidade e impotência, também os seus
pecados. E é este Jacob que recebe a bênção de Deus, com a qual entra
coxo na terra prometida: vulnerável, e vulnerado, mas com um coração
novo. Certa vez ouvi um idoso dizer - um bom homem, um bom cristão,
mas um pecador que tinha tanta fé em Deus -: “Deus me ajudará; Ele não me
deixará sozinho. Entrarei no paraíso a coxear, mas entrarei”. Anteriormente
Jacob era um homem seguro de si; ele confiava na sua própria astúcia. Era um
homem impermeável à graça, refratário à misericórdia; não sabia o que era a
misericórdia. “Aqui sou eu que mando!” e pensava que não precisava de misericórdia. Mas
Deus salvou o que estava perdido. Ele o fez entender que era limitado, que era
um pecador que precisava de misericórdia e salvou-o.
Todos nós temos um encontro marcado
com Deus de noite, na noite da nossa vida, nas muitas noites da nossa vida:
momentos escuros, momentos de pecado, momentos de desorientação. Há ali um encontro com Deus, sempre.
Ele nos surpreenderá quando menos esperamos, quando nos encontramos
verdadeiramente sozinhos. Nessa mesma noite, lutando contra o desconhecido,
tomaremos consciência de que somos apenas pobres homens - ouso dizer
“infelizes” - mas, precisamente nessa altura, quando nos sentirmos “pobres
homens” não deveremos recear: porque, nesse preciso momento, Deus nos dará um
novo nome, que contém o sentido de toda a nossa vida; Ele mudará os nossos
corações e nos dará a bênção reservada para aqueles que se deixam transformar
por Ele. Este é um bom convite para nos
deixarmos transformar por Deus. Ele sabe como fazer, porque conhece cada um de
nós. “Senhor, tu conheces-me”, todos nós o podemos dizer. “Senhor, tu
conheces-me. Transforma-me”.
Saudações
Saúdo
os ouvintes de língua portuguesa e convido-vos – na vigília da solenidade do
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – a olhar com confiança o vosso futuro em
Deus, levando o fogo do seu amor ao mundo. Logo que vos seja possível, voltai à adoração e à comunhão do Corpo do
Senhor na Missa de preceito. É a graça da Páscoa que frutifica na
Eucaristia e que desejo abundante na vossa vida. Que Deus vos abençoe!
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