«SEDE PERFEITOS,
COMO O VOSSO PAI CELESTE É PERFEITO».
[Mateus 5, 38-48]
Continuamos nesta semana com a chamada
à Santidade e à Perfeição… hoje – Quarta Feira de Cinzas – ajudados com o
início da Caminhada da Quaresma.
Começamos a sua vivência com o gesto
simbólico das Cinzas que nos tornam presentes tantas “situações de cinzas” que
nos chegam de sobressalto nos dias em que vivemos…
Vamos deixar que esse gesto simbólico
possa atuar no íntimo do nosso coração… para o transformar em permanente
ambiente de conversão u mudança
Pode ser ajuda a Mensagem para a “QUARESMA PROVISÓRIA PARA A PÁSCOA
PERMANENTE” de Dom Antonino Dias
Bispo de Portalegre – Castelo Branco, sobretudo com os 14 exercícios possíveis
na caminhada quaresmal que nela se sugerem e que até se podem imprimir para
os ter mais à mão
QUARESMA
PROVISÓRIA
PARA
PÁSCOA PERMANENTE
D. Antonino Dias
Diocese Portalegre-Castelo Branco
21-02-2020
Ao pensar a Quaresma importa que olhemos para a Páscoa. É o horizonte da
caminhada que agora iniciamos. As metas e os objetivos definem, muitas vezes, a
atitude, os itinerários, os meios e instrumentos, enfim a bagagem, que
preparamos como necessária no momento de iniciar uma caminhada.
A Páscoa é o mistério central do Cristianismo e da vida
da Igreja.
Significa que, no âmago da fé cristã e da comunhão eclesial, está o mistério
pascal, o mistério da morte e ressurreição de Cristo. E há razões muito fortes
para isso. Esse é o momento que testemunha como Cristo levou à plenitude a
revelação de Deus e a revelação do homem. O processo de Jesus, a sua
autoentrega na Cruz e a sua morte por amor revelam o sentido de cada palavra e
de cada gesto da sua vida pública e revelam o rosto da misericórdia de Deus
para a humanidade. Presença divina e condição humana encontram-se, entrelaçam-se
e a história ganha um sentido e um sabor diferentes.
Assumindo-se como
uma ânsia de harmonia e partindo da provisoriedade da sua condição, o homem
encontra em Cristo a fonte eterna da bênção da sua vida. Por Cristo aprende a
estar com Deus e a rezar; com Cristo aprende discernimento, comportamento e
vocação; em Cristo descobre e purifica permanentemente a sua identidade. Sendo
a plenitude da vida de Cristo e da revelação de Deus, a Páscoa é também a
abertura e a oportunidade oferecidas ao homem para que encontre e realize em
Deus e com os irmãos a plenitude da sua própria vida.
É por causa da
Páscoa, portanto, que a Quaresma se assume como caminho. E caminho batismal. Os
ainda não batizados preparam-se mais profundamente para o batismo e os batizados
purificam e renovam as promessas do seu batismo. A verdade de Deus revelada em
Jesus Cristo morto e ressuscitado não é algo que se apreenda e comece a viver
sem o exercício de uma caminhada que pede conversão continuada e progressiva.
A autenticidade e a
verdade, a caridade, o exercício da comunhão vivificante com Cristo, que
traduzimos tradicionalmente nas atitudes de jejum, partilha e oração, são os
grandes sinais da Quaresma. Não são mínimos legais, são ocasião
de motivação pela experiência de quão perto de Deus e dos irmãos a lógica do
dom, que é a linguagem da Cruz, nos coloca.
Esta Quaresma pode ser o tempo de, à imagem do Lázaro
do Evangelho (Jo 11, 1 ss), ouvirmos a
voz de Cristo que nos chama à vida e aos comportamentos próprios dos vivos.
Existem tantos exercícios possíveis na caminhada
quaresmal
e que, alcançados, nos farão saborear a Páscoa como ressuscitados com Cristo. Aponto alguns:
1. O nosso dia, mais
ou menos cedo, começa com o momento em que nos levantamos. E se, rezando, fizéssemos
um propósito concreto, dando-lhe
nome, para o vivermos ao longo do dia?
2. E se colocássemos no nosso local de trabalho um sinal: um símbolo, um Crucifixo, uma imagem, uma
frase, etc., que, de forma imediata, nos lembrasse o caminho da Quaresma
até à Páscoa?
3. E se conseguíssemos descobrir algo a que, de verdade, pudéssemos renunciar, fazendo desse ato
um ato de verdadeiro amor a Deus, como, por exemplo, renunciar à maledicência
tão comum e a fazer sofrer, renunciar a gastos supérfluos, renunciar a atitudes
e gestos sobranceiros ou primários, renunciar a sentimentos de inveja,
comparação, etc.?
4. E se procurássemos aprofundar,
rezando e estudando, os conceitos e a realidade da vocação e da vida cristã
comprometida?
5. E se procurássemos fazer a experiência de tentar
encontrar em cada pessoa os aspetos mais
positivos e de motivo de ação de graças?
6. E se fossemos capazes de identificar em nós e ultrapassar, de facto, as
“menoridades” e “miudezas” dos ciúmes, das comparações, invejas, vanglórias e
sarcasmos?
7. E se fomentássemos o respeito mútuo e recíproco nos relacionamentos e pelo trabalho uns
dos outros e de todos?
8. E se nos empenhássemos na gratuidade das nossas ações, ao contrário de uma atitude permanente
de cobrança ou de exigência de recompensa?
9. E se, serenamente, lêssemos os sinais que dizem respeito a cada um de nós e expressam o que estamos a viver e aquilo de que
precisamos para nosso crescimento?
10. E se partilhássemos
não só bens materiais, mas também tempo, qualidades e capacidades com quem
precisa?
11. E se os nossos
temas de conversa espontânea tivessem mais substância e fossem ocasião de
participar coletivamente no bem comum?
12. E se tentássemos sempre melhorar a nossa participação na Eucaristia, seja na
assiduidade, na vivência pessoal ou na participação comunitária?
13. E se redescobríssemos o valor e o benefício da leitura e reflexão da Palavra de Deus, da
celebração do Sacramento da reconciliação ou da confissão como experiência
de celebração do amor de Deus tão necessário em quem caminha para Deus?
14. E se conseguíssemos avaliar os nossos estilos pessoais de vida, isto é, os valores que
pautam o nosso dia a dia e a sua unidade com a fé cristã e as práticas da
Igreja, como o sentido de pobreza, de partilha, de respeito e cuidado pela
criação, etc.?
Quaresma é um caminho de crescimento que nos permitirá
viver a Páscoa mais intensamente. Para cada um de nós há uma terra prometida
que é possível alcançar; há uma comunhão com Cristo ressuscitado que é possível
realizar.
++++++++++++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado
resultaram 31.742,77 euros (trinta e um mil setecentos e quarenta e dois
euros e setenta e sete cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinaram ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana
(7.935,69 €), e 75% para as Missões “ad gentes” (23.807,08 €).
A Renúncia Quaresmal deste ano de 2020 será, de
novo, para a Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo. Já em 2018
destinámos a Renúncia Quaresmal para a construção de um Centro de Acolhimento e
Saúde nesta Diocese africana, vítima da guerra que deixou marcas irreparáveis e
da qual temos dois Sacerdotes a
trabalhar nesta nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco: um, em Nisa, outro,
em Alcains.
Foi-nos apresentado um relatório minucioso sobre como foi
gasta a partilha que lhe enviámos, bem como fotografias da obra. Por falta de
verba, porém, a obra não foi concluída e
foi-nos pedida uma nova ajuda.
Assim, será esta, de
novo, a finalidade da nossa Renúncia Quaresmal.
Sem comentários:
Enviar um comentário