«Faz-te ao largo e lançai as
redes para a pesca […] Não temas»
[Lucas
5, 1-11]
«Não temas»
Ontem ao propor às comunidades esta
palavra para vivermos nesta semana não imaginava que ela fosse ajuda para viver
a notícia que me surpreendeu e surpreendeu o mundo com o anúncio da resignação,
em 28 de Fevereiro 2013, às 20h00 [19h00 em Portugal], feita hoje pelo próprio
Papa Bento XVI: «mas também para vos
comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de
ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à
certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas
para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que
este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as
obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia,
no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância
para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é
necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos
últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a
minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.»
Seguiram-se
troca de mensagens (sms, emails e outras), comentários dos mais diversos
quadrantes e com os mais variados tons… Eu próprio me deparei com o imprevisto
e dentro, entre muitas outras coisas, ecoaram estes três aspectos:
Hoje
é o Dia Mundial do Doente. Senti que a coincidência desta comunicação neste dia,
colocou livre, humilde e corajosamente Bento XVI numa nova vocação de serviço à
Igreja, deixando de exercer o «ministério petrino», para continuar a servi-la como “crente
doente” e sem «as minhas forças, devido à idade avançada», agora «sofrendo
e rezando». Como bem se sabe a vocação de servir na debilidade não é
tarefa fácil
Estamos
a viver o Ano da Fé. Este gesto profundamente humano porque iluminado pela
sabedoria da fé, depois de tantissimos outros é, porventura, o mais eloquente
acto de fé que Bento XVI deixa como testemunho à Igreja e ao mundo. Trata-se de
uma decisão pessoal, mas com implicações na vida da comunidade; são sempre
assim as verdadeiras atitudes e decisões da vida quando iluminadas pela fé.
Em
dia de Nossa Senhora de Lurdes, também hoje a Igreja deve acolher a Palavra do «seu Pastor Supremo,
Nosso Senhor Jesus Cristo»: «Faz-te ao largo…Não
temas». Está aqui o segredo de quem confia e faz apenas o que deve, lançando as
redes à voz do Mestre, sem ficar temeroso pensando em “quem virá depois?!...”,
mas pede confiadamente «a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista,
com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice»
Nossa Senhora de
Lurdes, rogai por nós.
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